quarta-feira, 11 de julho de 2012

Conhecer pessoas é fácil

If you have been rejected many times in your life, then one more rejection isn't going to make much difference. If you're rejected, don't automatically assume it's your fault. The other person may have several reasons for not doing what you are asking her to do: none of it may have anything to do with you. Perhaps the other person is busy or not feeling well or genuinely not interested in spending time with you. Rejections are part of everyday life. Don't let them bother you. Keep reaching out to others. Keep reaching out to others. When you begin to receive positive responses, then you are on the right track. It's all a matter of numbers. Count the positive responses and forget about the rejections.

Radiohead

sábado, 7 de julho de 2012

Supermercado

Cometi um deslize. Um detalhe fatal. Fui àquele passado de noites menos solitárias. Fui ao supermercado. Passeei por aqueles corredores. Eu e você, você e eu. Resolvi passar mais uma noite com você. Apesar da rejeição. Resolvi, conscientemente, naturalmente. Ainda que você não comparecesse. Dispenso-o de comparecer à minha idéia de si... Fui alcançando os produtos nas prateleiras, um a um. E quem me visse quase pensaria que eu estava mesmo fazendo compras para alguém amado, como naquela música da fila do pão, e etc. Pensei no prazer classe-média-burguês-capitalista-ocidental-tradicional-quase-católico-conservador-romântico-feminino-machista de poder fazer compras num supermercado e cozinhar para o meu homem. Se você fosse meu homem. Bobagem, isso é só um prazer normal e feliz. Também acho. Não tem nada de pequeno nisso. Não tem nada de pequeno em eu amá-lo e achar que você me faria feliz neste momento. Porque amá-lo não me fazia pequena, fazia-me grande. Você me amar me fazia gigante. Tudo isso é bobagem, eu só queria fazer compras num supermercado e cozinhar para o meu homem. Isso me faria mulher. Sem você, sou meia pessoa. Um quarto. Um oitavo de pessoa. Nunca havia me sentido mulher antes de você. Sim, porque você é tudo que eu conheci do amor. Sim, porque você me ensinou a amar, a amar uma pessoa, a ser amada por uma pessoa, e a me amar. Cheguei em casa com todos aqueles produtos que me lembravam você. Seus favoritos, nossos favoritos. Dispus todos lado a lado na bancada, parei um minuto, atordoada. Cantarolei uma música bonita que você nunca chegou a ouvir, mas que me lembra você também. Pensei que nunca vou ouvir sua voz novamente. E você não vai querer nunca mais me ouvir cantando. Cozinhei, resignada. Lembrei-me de você me importunando quando eu cozinhava. Abraçando-me, beijando-me, fazendo a comida queimar na panela. Senti-me então muito pequena, lembrando-me de como eu o evitava, fugindo do seu amor. Que amor eu quero agora! Uma vez você disse assim, que minha comida era boa porque tinha amor. Igual a comida da sua mãe. Mas que a minha era melhor ainda, porque eu era eu. Ah, Maurício. Eu comi, tudo que você teria comido, se fosse de novo o meu homem. Comi, até passar mal e ficar assim me sentindo péssima, com o seu nome me queimando no coração, sabendo que não tenho ninguém para quem cozinhar. Penso então em fugir desta casa que não me acolhe, mas me repele como se você estivesse em todo canto me rejeitando, fugir desta cidade que é pequena demais para que você exista longe de mim sem que eu morra de saudade, fugir desta vida que não apaga aquilo tudo que eu não consigo esquecer! Um deslize, e quem me vê acha que eu sou eu, assim Raquel, pessoa inteira... Ah, se eles soubessem.