sábado, 31 de outubro de 2015

Quando digo que te amo

Porque a resposta tem poder de destruir mais que o silêncio, temo, silente, a minha própria felicidade presente, vibrante entre os estilhaços pretéritos. Componho odes em imaginário, para então descartá-las em favor de tréguas mais amplas, margens mais abastadas. Deus vê o homem que ele é. Deus vê a mulher que tento ser. E a força do silêncio. Deus vê homens e mulheres, silêncio infinito, palavra morta.

Novembro

– Mas não sei o que você quer que eu diga.
– Mas eu te digo não o que você quer ouvir, e sim o que eu quero te dizer. Se eu dissesse o que você quer ouvir, ia ficar cantando...
– Em alemão?
– Hum. É.
– No meu ouvido?

Já era amor.

sábado, 24 de outubro de 2015

Da ovelha sem rochedo

Não há dimensão para dizer o quanto tenho sentido a sua falta.

Ter aquele momento de carinho com o pai dos meus filhos me elevou a um estado de paz que parecia esquecido. Meu corpo em constante mudança, a pele em inexplicável flor, coração preso, intocados por quantos dias sem você. Após tantas semanas, o prazer de gozar com você foi uma onda avassaladora de calafrios, liberando todo o amor que há em mim por completo, subindo até meu peito, que se inundou de ardência, como se respirasse enfim tão bem, plenitude.

Estar gerando a vida a partir do nosso amor é algo que posso apenas sentir, como tanto me faz falta sentir com você. Tive um vislumbre de como a minha gravidez seria se eu pudesse sentir esse amor constantemente, e foi um calmante breve para toda a angústia do meu coração. Como eu te amo. Nenhuma palavra no mundo nomeia a ligação que todo o meu ser tem com você.

Todos os dias, rezo a Deus pedindo apenas: meu Deus, proteja meus filhos. De todo o mal do mundo e da minha tristeza também. Ontem, eu agradeci e pedi: meu Deus, proteja meus filhos. De todo o mal do mundo. Da saudade que sinto. E, não ousando pedir demais: proteja o homem que amo. Encha o coração dele com esse amor que sinto. Eu sei que ele entenderia a força disso.

Sem você, tudo que tenho é Deus. E meus filhos, que são nossos. São seus filhos. Aquilo que está por trás de todos os momentos. A sua ausência. Mas é muito, muito difícil ser feliz. Agora eu sou três, mas no coração eu fiquei menor. Metade arrancada de mim.

Dito isso, sei do meu amor: puro, incondicional e eterno por você. Se amanhã você ficasse doente, se amanhã você ficasse pobre, se amanhã você perdesse as pernas ou esquecesse quem é: meu Deus, como eu te amo, como eu vou te amar. A ponto de cada dia que eu respirar já ser uma vitória.

Minha vontade era de te acarinhar e massagear por horas, te transmitir com todo o meu corpo e alma o quanto te quero bem, o quanto permaneço fiel a tudo. O quanto fico forte pelos nossos filhos, o quanto abracei esse milagre que me foi dado. São coisas que não vale dizer a ninguém, coisas de pedra e ovelha, coisas da saudade de voar com você. E quantas chances eu pedi para você acreditar?

"Ficou na minha cabeça. Nas tuas mãos que pareciam asas. Que pareciam asas." (Hilda Hilst)